Parte 1 — Por que decidi sair da maior instituição financeira do país depois de 9 anos?
Introdução
Durante nossa vida profissional existem alguns momentos chave em que precisamos fazer escolhas nada triviais e que tem um grande impacto na nossa trajetória. No começo desse ano, tomei uma das decisões mais difíceis da minha carreira: sair do banco Itaú, deixando uma carreira de 9 anos, para aceitar uma proposta de trabalho na Vixtra, uma startup com 6 meses de vida. Pares, diretos, equipe e minha família foram pegos de surpresa e muitos não entenderam a minha decisão (principalmente minha mãe!).
A decisão de deixar uma instituição como o Itaú não é nada fácil. Em um exercício mental, se pudesse voltar 9 anos atrás e escolher em qual banco eu gostaria de trabalhar, com toda certeza, escolheria o Itaú. Esta foi a empresa em que sempre me senti em casa e que sempre tive muita identificação com os valores.
Quando estava prestes a me decidir, refleti muito sobre o que estaria deixando para trás. Abri mão de trabalhar no maior banco do Brasil e que tenho certeza que continuará a ser líder no seu setor pelos próximos anos. Se pensar sobre pessoas, tive a oportunidade de aprender com profissionais incríveis que me ensinaram tudo o que sei sobre crédito e modelagem. Quando você olha para os executivos do banco, você pode ter certeza que são extremamente gabaritados e fora da curva. Sem contar que, tive a sorte de ter gestores e colegas incríveis que me ajudaram a crescer como pessoa e profissional.
Além disso, para quem trabalha com dados, o Itaú é uma grande escola. Um dos meus colegas falava que era o maior bureau de dados do país e, em certa medida, ele está certo. Lá você consegue acessar as informações de mais de 55 milhões de cliente, sejam de conta, cartões, contratos, etc, além de contar com informações riquíssimas do SCR, bureaus de crédito, cadastro positivo e outros fornecedores. Assim, tanto para PF como PJ, você possui uma riqueza enorme de dados para desenvolver modelos mega robustos.
Mas por que a Vixtra?
“There can be no great accomplishment without risk.” (Neil Armstrong)
Quando conversei com um dos meus gestores que minha decisão estava tomada, ele me perguntou: “por que exatamente essa startup?”. Se estava abrindo mão de coisas tão importantes, deveria estar indo para um lugar que valeria a pena o risco da mudança.
Um dos fatores mais importantes foi acreditar na visão da empresa. Quando o Leonardo Baltieri (um dos co-founders da Vixtra) explicou como resolveríamos a dor de funding da importação, realmente acreditei que teríamos um grande business e uma super oportunidade ali. Ser a forma de pagamento do importador, o ajudando no desafio de financiamento da mercadoria, agregando serviços financeiros como câmbio e auxiliando na prospecção de fornecedores internacionais é algo inédito no Brasil. Dado o tamanho do mercado, temos potencial enorme de crescimento.
Além do mais, são poucas oportunidades que aparecem de se trabalhar nesse ciclo inicial. A Vixtra completa agora quase 8 meses e teve um primeiro aporte de seed money de R$ 35 milhões, ou seja, a oportunidade de crescimento é enorme. Sei que essa experiência será única e tem mudado minha maneira de pensar: escalabilidade é um pré-requisito das soluções que desenhamos.
Desenhar toda a área do zero também foi outro fator fundamental para essa decisão de mudança. Uma visão muito importante dos co-founders da Vixtra é que os dados são ativos estratégicos da empresa. Ser um first mover é um diferencial no curto prazo, mas a médio e longo prazo o que irá nos diferenciar será o valor que vamos extrair das nossas informações. Seria natural trazer uma pessoa focada em dados e analytics depois que a empresa atinge uma certa maturidade e conseguiu rodar os primeiros MVPs, mas a Vixtra resolveu antecipar a criação desta área devido a importância que ela enxerga no tema. No dia a dia, temos visto que essa foi uma decisão acertada: nascer junto com a construção da ferramenta transacional está nos permitindo a ter um desenho mais otimizado e escalável da nossa plataforma de dados.
E o que vem pela frente?
“Sonhar grande e sonhar pequeno dá o mesmo trabalho!” (Jorge Paulo Lemann)
A nossa área de dados tem um propósito bem claro: queremos ser referência em dados e analytics gerando valor para nossos clientes e para a Vixtra. Para isso, definimos alguns pilares que irão nos ajudar a alcançar este objetivo:
· Plataforma de dados: precisamos construir uma arquitetura de dados com o que há de melhor de tecnologia e ferramentas de Big Data, ML e BI, mas também sem gerar uma complexidade desnecessária, com focos em MVPs e entregas de valor;
· Dados, dados e dados: precisamos estar em busca das melhores informações, sejam gerados internamente, de bureaus de crédito, ou de fornecedores de dados alternativos, como também dados públicos nacionais e internacionais;
· Processos e governança: para soluções escaláveis, precisamos de processos bem estruturados e seguir as melhores práticas de MLOps e CI/CD/CT;
· Pessoas: é o pilar mais importante. Precisamos buscar os melhores talentos e que, sem eles, não é possível alcançar este nosso sonho grande.
Essa foi parte 1/n da nossa jornada de dados da Vixtra. Nos próximos artigos iremos compartilhar mais sobre os temas em andamento, a definição da nossa cloud e desenho da plataforma de dados, como estamos desenvolvendo o modelo de crédito em uma operação totalmente inovadora e nosso desenho do uso de blockchain aplicados ao supply chain finance.
E se você gostou desses nossos desafios temos muitas posições para Engenharia de Dados e Machine Learning. Pode nos procurar! Será um prazer explicar com mais detalhes nossos desafios e conquistas!
Pablo Cezar Urbieta | Head de Dados